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SIGNIFICADOS E PRÁTICAS ESPÍRITAS PARA A DOENÇA MENTAL1

por Gleide Sacramento

Estudante de graduação de Ciências sociais da FFCH/UFBA e 
bolsista de iniciação científica vinculada à área de Sociologia da Saúde

 

A realização deste trabalho foi motivada a partir da minha inserção no projeto de pesquisa "Religião, Tratamento e a Transformação da Experiência: Um estudo das práticas terapêuticas do Candomblé, Espiritismo e Pentecostalismo", coordenado pela prof. Miriam C. M. Rabelo, que vem sendo desenvolvido no quadro de atividades do ECSAS (Núcleo de Estudos em Ciências Sociais, ambiente e Saúde), instalado na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH) da UFBA. O referido projeto aborda a questão do entrelaçamento entre religião e terapia no contexto local, tendo como finalidade principal investigar como estão estruturados os processos terapêuticos, tanto no que diz respeito a ação dos terapeutas, quanto ao efeito que é produzido nos pacientes. 

Foi nessa perspectiva e a partir dessa experiência que nos propusemos a escrever algumas linhas introdutórias que sejam e não com a profundidade que gostaríamos, sobre as explicações e práticas que são oferecidas pelo Espiritismo para as questões entendidas corriqueiramente como "problemas de saúde mental", mas que chamaremos de "problemas comportamentais". Estes entendidos como "anormais" ou "desviantes" pela comunidade em geral e pelo modelo explicativo que pretendemos enfocar 2. Para abordar tal questão, o texto encontra-se dividido em duas seções. Na primeira delas, procuramos fazer uma rápida caracterização da religião: origem, circunstâncias do surgimento, postulados básicos e visão de mundo. Na outra, nos preocupamos em tratar especificamente dos significados e terapêutica relativos à saúde mental. A efetivação do trabalho contou ainda com idas sistemáticas a dois centros espíritas, onde foram observadas as atividades desenvolvidas, e a realização de entrevistas com terapeutas da religião. 

Falando do Espiritismo

Conforme entrevista feita com os terapeutas espíritas e fontes consultadas 3 a doutrina espírita, como assim é denominada pelos adeptos da religião, surge na França no século passado, onde o seu codificador Hippolyte Leon Dénizard Rivail, posteriormente cognominado de Allan Kardec, tomou conhecimento de fenômenos estranhos que estariam ocorrendo em Paris, tais como, mesas girantes, comunicações, etc., e passou a examiná-los, decorrendo daí a revelação por ele dos espíritos e do mundo espiritual. Então, mediante a comunicação que é travada entre ele e os espíritos superiores é elaborada a codificação da religião, traduzindo-se em cinco obras basilares: "O Livro dos Espíritos", publicado em Paris em 1857 e que, segundo o terapeuta, constitui a filosofia da doutrina. "O Livro dos Médiuns", em 1861, e em anos posteriores as três obras restantes, "O evangelho Segundo o Espiritismo", "O Céu e o Inferno" e a "Gênese", que nas palavras de um doutrinador e participante de um centro espírita situado em um bairro periférico de Salvador que foi entrevistado, de pseudônimo Marcos 4: "Constitui assim... o conhecido 'pentateuco kardequiano' ".

Os postulados norteadores da doutrina que penetrou no Brasil em meados do século XIX dizem respeito à mediunidade, à caridade e ao estudo. Os espíritas entendem-na não só como uma religião, mas também como uma filosofia e uma ciência, pois como relatou Marcos:

... O Espiritismo é uma ciência, uma filosofia, uma religião, e que deve ser visto por esse, esse tríplice aspecto. Não é uma religião como as outras. É uma religião, mas é uma ciência sobretudo, e também uma filosofia. É... uma filosofia porque responde questões fundamentais da existência né: 'De onde eu vim?', 'para onde vou?', 'qual o meu destino?', 'o que é que eu estou fazendo na Terra?', 'qual a razão do sofrimento?' e 'a existência de Deus?'.

...A revelação da doutrina, ela se pautaria, também fundamentalmente na parte científica, nos fatos. O que é que comprova uma verdade? Os fatos. Então, os fatos surgiram, que eram os fenômenos, chamados fenômenos mediúnicos. Então ela surgiu na época que foi o método que também Kardec utilizou. Os fatos surgiram, então os pesquisadores se aproximavam e faziam os testes, as análises, os exames. Com quem? Com os médiuns.

Numa outra parte da entrevista ele fala sobre o aspecto religioso da doutrina e arremata:

Falamos no aspecto filosófico, que responde [a] questões fundamentais da vida. Falamos do aspecto científico, que prova. a existência dos espíritos, prova a relação, o aspecto científico da doutrina mostra como é que acontece! Por que a ciência é isso né? A ciência mostra como acontece. A filosofia diz, demonstra porque acontecem as coisas. Mas existe um outro aspecto outra questão muito fundamental, que as pessoas sempe indagam: 'Mas para que acontece?'. Então, normalmente quem deveria responder para quê seria o aspecto religioso, seriam as religiões. (...). O Espiritismo, no seu aspecto religioso ao demonstrar pela parte científica a existência dos espíritos, suas relações com os homens, os fenômenos que eles promovem, mostrando também que tudo funciona em função da grande inteligência, que é Deus, que os espíritos chamaram 'a causa primária de todas as coisas'. Mostrando também que há um sentido para a vida - o seu aspecto filosófico. Há um sentido. No seu aspecto filosófico ele diz porque a pessoa sofre. Por que a dor? Como é que pode ser alcançada a felicidade, né. E porque é bom as pessoas praticarem o bem. E aí tem o aspecto religioso. Então teria que ter um paradigma para isso, um modelo, que aí então é o Cristianismo, que é Jesus.

Como afirma Castro (1985), no contexto da Europa do século XIX, o Espiritismo se apresenta como ciência pois, conforme os adeptos argumentam, a comunicação espiritual pode ser experimentada e comprovada, adquirindo assim um estatuto de prova científica. Um outro aspecto que marca fortemente a doutrina é o viés evolucionista. No universo espírita os homens estão encarnados na Terra para progredirem. Progresso esse, que vai sendo galgado em direção à perfeição na medida em que os homens procuram praticar o bem, a caridade, mudar a sua conduta moral no sentido de tê-la a mais correta possível, assim como expiam os seus carmas/débitos desta e de outras vidas.

O livre arbítrio relativo e o determinismo são fundamentais no modelo espírita kardecista, visto que as causas dos sofrimentos e dores atuais senão oriundos de desmandos e imprevidências praticadas nesta vida, teriam suas origens em vidas passadas, nas quais o homem fez mal uso de seu livre arbítrio violando as leis de Deus; e por isso ele retorna ao plano terreno para expurgar os seus maus atos. No universo cosmológico da religião, os dois mundos, o visível (material/concreto) e o invisível ( o espiritual) estão em constante comunicabilidade. Daí os homens poderem ser presas de espíritos obsessores que se ligam a eles por afinidades ou por débitos passados, que é uma das causas possíveis para os problemas comportamentais. Entretanto, de forte conteúdo moral o Espiritismo tem como pilar fundamental que as causas de todos os nossos problemas, dores, sofrimentos são originárias de nossas próprias fraquezas e desvios morais, de nossas paixões e vícios que ainda não aprendemos a controlar ou precisamos depurar para chegarmos à perfeição. Dessa maneira, até as influências do sobrenatural, que são vistas como provocadoras de comportamentos anormais e bizarros seriam de nossa responsabilidade. Isto parece-nos interessante pois, sob este aspecto, conforme argumentam Caroso et al (1999), os contextos religiosos funcionam como mitigadores de rótulos negativos geralmente associados a tratamentos psiquiátricos e à categorias que são atribuídas aos indivíduos com tais desvios pela comunidade de forma geral, como "louco", "doido" ou "maluco", na medida em que exculpabilizam os indivíduos dos seus atos, visto que estes estão "embruxados", "enfeitiçados", tendo que "fazer a cabeça", "fazer o santo", etc. (algo portanto, que foge ao seu domínio e do qual eles não são responsáveis), e os reintegram socialmente a partir de sua inserção em tais contextos. Um obsidiado, embora acabe também funcionando como um suavizador perante a comunidade em relação a outros rótulos valorados negativamente, no contexto espírita ele não é desresponsabilizado por ser entendido com tal, ao contrário, se ele assim o é ou está é por ter permitido que isso ocorresse mediante a sua conduta indevida ou a dividas passadas que o ligaram ao espírito obsessor, contraídas, ao seu turno, por fraquezas morais, desmandos e realização do mal. Sob este aspecto, ao perguntarmos ao Marcos se a "loucura" poderia ser ou não entendida como uma responsabilidade do próprio homem e do seu comportamento, e a partir disso o favorecimento para a existência de uma influência sobrenatural que acentuaria o seu comportamento anormal, ele nos retruca o seguinte:

Pode. A medida que a pessoa tem um comportamento inadequado, ele vai atrair semelhantes. O semelhante atrai o semelhante não é? Existe uma lei chamada a lei das afinidades. Nós sempre temos a companhia que nós procuramos.

Entretanto, trataremos melhor das concepções espíritas relativas à saúde mental a seguir.

Significados e práticas em torno dos problemas comportamentais

Como já foi dito em outra parte, para o Kardecismo as dores/aflições são decorrentes das atitudes da criatura humana e têm correspondência com o estado evolutivo que os habitantes do planeta se encontram. Neste contexto, o Espiritismo explica as questões pertinentes aos problemas mentais/comportamentais de duas formas: 1º. Compreendido como uma patologia (nos termos mesmo da psiquiatria) com a qual o indivíduo nasce ou adquire através de um acidente/trauma uma anomalia ou limitação orgânica, promovendo assim o seu comportamento anormal. Nesse sentido, a doença se constituiria no seu carma e através dele o homem estaria resgatando débitos de outras vidas. Sob esta acepção Castro diz que:

A loucura, pode ser interpretada como um 'tempo de suspensão', uma paralisia como uma 'divida a ser saldada'. Os males que afligem o homem nesta vida podem ter como uma de suas causas esse carma. (1983, p.41).

2º. As auto obsessões, as obsessões de encarnado para encarnado e as de espírito para encarnado podem levar a problemas comportamentais. Nas primeiras, o próprio indivíduo se obsidia, pois está repleto de complexos e culpas, geralmente de coisas praticadas em vidas passadas e das quais não consegue se livrar. Isso causaria uma desarmonia em suas energias, que se refletiria em seus comportamentos destoantes. Nas outras formas de obsessão restantes também ocorreriam desarmonias nas energias da pessoa por influência de uma mente encarnada ou de um espírito obsessor que se liga à ela. Como nos diz Solange 5:

...Porque as doenças nós sabemos também o quê? Que há influência dos espíritos né, porque os espíritos, eles causam doença nas pessoas, eles influi muito na vida da pessoa, no organismo né, no mental... 

Entretanto, ambos os fóruns de explicação remontam ao próprio doente como responsável e gerador dos males que lhes são acometidos. Este ponto remete à "noção de pessoa" que é trabalhada por Castro em sua tese. Segundo ela:

A pessoa é o ponto de convergência de todo esse sistema. Ela é o lugar no qual e através do qual Mundo Invisível e Mundo visível se conectam. Nela, os dois eixos que ordenam a relação entre os dois mundos se cruzam. (Ibid, p.42).

A pessoa no Espiritismo, como ela argumenta, é a junção de três elementos básicos: o corpo, o perispírito e o Espírito. O homem possui uma dupla natureza, que é composta por corpo e alma, em que as duas estão ligadas por intermédio do perispírito. Este último é fundamental tanto, segundo a autora, por ser mediador nas passagens e comunicações entre os dois mundos 6; quanto por ser nele, como me disse Marcos, que estão gravados todos os atos realizados em vidas passadas, e por ser ele que moldará o corpo físico. Assim, o perispírito é um eixo para explicar as causas das aflições, doenças e comportamentos anormais, pois é através dele que o "eu" espiritual se apresenta e se molda ao corpo físico. Conforme analisa a autora: "A pessoa surge como um composto cujos elementos se organizam internamente de maneira hierárquica, indo do mais espiritual=eterno ao mais material=mortal." (Ibid, p.44), e o perispírito intermedia e torna possível a ligação entre o corpo e o espírito, para que este possa expurgar seus carmas e progredir.

Há assim, uma diacrônia produzida pelo livre arbítrio e pelo determinismo na representação do que a autora denominou de "Eu Maior X Eu Menor". O Eu Maior seria a essência, o espiritual e o Eu Menor, o corpo, o material. Nesse sentido, não seria demais pensar as terapias espíritas como uma tentativa de reorganizar, reajustar o Eu Menor, que se encontraria fragmentado ou desajustado, para reorientá-lo ao seu Eu Maior. Não obstante, a tomada de "consciência" da pessoa para a mudança de comportamento e a adoção de uma conduta moral tida como correta e ilibada seja primordial para que isso ocorra. Haja vista, no universo espírita, nós sermos responsáveis pelo que de bom e de ruim nos ocorre, haveremos de ser também pela nossa melhora ou a nossa cura.

Nessa perspectiva, as práticas terapêuticas podem ser entendidas como um ritual educativo e reformador do homem. Em um dos centros mesmo em que foi realizada a pesquisa as práticas desenvolvidas circunscrevem-se num lastro onde ocorrem: a doutrinária, a fluidoterapia, o culto do evangelho no lar, o auxílio fraterno e as reuniões mediúnicas.

As doutrinárias são palestras abertas ao público que possuem fundamental importância no processo terapêutico pois, para os espíritas é crucial o estudo e o entendimento da doutrina, para que estes auxiliem à promoção da reforma íntima. Já a fluidoterapia consiste no oferecimento de água fluidificada (água energizada pelos espíritos superiores) e na administração e transmissão de fluídos pelos médiuns passistas para os pacientes, com o objetivo de reorganizar as energias do doente e também de afastar temporariamente a influência dos espíritos obsessores, visto que o afastamento definitivo só ocorrerá com a reforma íntima do indivíduo, em que ele muda suas atitudes e seus pensamentos, elevando assim, o seu padrão vibratório - nas palavras dos espíritas: "Na medida em que o indivíduo renova-se."

Como falam os terapeutas:

Aí, aí o Espiritismo oferece aquilo que você perguntou: a terapia espírita né. A doutrina. Primeiro o estudo da doutrina. [Sabe] logo de imediato mudança de atitude e de comportamento. E e também a fluidoterapia. O que é a fluidoterapia? Os passes, a água fluidificada. Mas o elemento fundamental nessa terap terapia não vai ajudar muito se a, se a pessoa não resolver ter uma mudança de vida, uma mudança de comportamento, escolha de ambiente de companhia, de pensamentos, de tudo mais. O que a pessoa estiver elegendo estiver em desacordo com as leis da harmonia, da paz... não vai resolver. Vem, toma o passe, volta novamente para os seus mesmos problemas.

Além do "culto do evangelho no Lar"- reunião que dever ser realizada uma vez por semana durante 30 a 45 min com os familiares, para que sejam feitas preces, lidas mensagens espíritas e discutidas o seu conteúdo. Essa prática, segundo os espíritas, muda a psicosfera do lar, tornando-o um ambiente mais agradável e ameno, atraindo assim a presença dos bons espíritos e contribuindo para o refazimento e melhora não só do paciente, mas auxiliando também todos os membros da família - é utilizado o concurso de outras duas práticas terapêuticas: o auxílio fraterno e as reuniões mediúnicas. O primeiro consiste no atendimento às pessoas que procuram o centro em busca de um auxílio para as suas aflições que, segundo Marcos, podem ser de qualquer ordem: financeira, familiar, emocional, orgânica, espiritual, etc. Aí as pessoas são assistidas por atendentes, geralmente médiuns intuitivos, de clarividência e/ou clariaudiência, e, conforme a natureza e gravidade dos seus problemas, são encaminhadas para os diferentes serviços oferecidos pelo centro.

A outra pratica, as reuniões mediúnicas, são momentos em que estão reunidos o doutrinador e os médiuns de várias faculdades (comunicação, ouvintes, videntes, intuitivos, etc.) para procederem à comunicação com espíritos, sejam eles superiores ou sofredores/obsessores. Ministrando, no que se refere aos últimos, ensinamentos cristãos e a reorientação para a prática do bem, buscando através do diálogo o arrependimento do espírito sofredor e o seu despertar para as leis de amor e justiça divinas. E em relação aos primeiros, recebendo orientações e mensagens da espiritualidade superior. 

Considerações Finais

Numa tentativa de compreensão dessa forma particular de construção do mundo feita pelos espíritas, em que estão aí imersos as suas concepções de doença e cura, bem como suas práticas, Greenfield (1992) argumenta que para os espíritas grande parte das doenças resulta da ação de obsessores ou espíritos menos desenvolvidos. Mas não só isso, pois que as causas das doenças e obsessões podem ser e são entendidas como sendo de nossa própria responsabilidade e estando intimamente ligadas ao nosso estágio evolutivo não muito adiantado, nossas quedas e desvios morais. Sob esta acepção, o ritual terapêutico que é desenvolvido recria uma atividade educativa em que os espíritos são reeducados e reorientados para o caminho do bem. O mesmo ocorrendo com o paciente e também seus familiares, que fazem parte desse processo em busca da cura, implicando em reforma íntima e mudança de comportamento.

Na medida em que o Espiritismo Kardecista vê e constrói as doenças em geral e os problemas mentais/comportamentais em particular, considerados tanto no seu aspecto patológico/orgânico, quanto explicados na esfera do espiritual, como decorrentes de conduta pessoal incorreta nesta ou em outras vidas, ele sugere, a partir de suas explicações e terapêutica, um determinado tipo de transformação social, que como analisa Rabelo(1997) resulta de uma forma particular de visão de mundo, em que ele não se propõe a modificar ou contrapor-se ao meio, embora haja uma proposta implícita de ação sobre este mesmo meio social , em que as práticas assistências, de caridade e a reforma moral do homem apresentam-se como molas mestras dessa construção particular.

 

NOTAS

1 - Trabalho apresentado no XVIII Seminário Estudantil de Pesquisa, que ocorreu entre 05 e 07 de outubro de 1999, promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal da Bahia.

2 - Preferimos nos referir assim, com o propósito de evitação a conceitos elaborados pela biomedicina, psiquiatria, etc. Obviamente, não nos passa despercebido que as elaborações e construções comunitárias e do contexto social no seu sentido mais amplo estão impregnadas de elementos formadores de conceitos originários não só dessa forma específica de entender a doença mental, como também de outros modelos culturais existentes. Todavia, não é nosso interesse aqui tomarmos esses conceitos em sua forma... "pura", principalmente no que tange aos primeiros, para entendermos o que venha a ser "saúde/doença mental". Nesse sentido, objetivamos entendê-la como comportamento dito anormal - tomado principalmente no sentido do Espiritismo - e fora dos padrões socialmente estabelecidos como normais. 

3 - KARDEC, Allan. O que é o Espiritismo. 1997. Ver tb CAVALCANTI, Maria L.V. de C. O Mundo Invisível : Cosmologia, sistema ritual e noção de pessoa no Espiritismo. 1983.

4 - Para preservar a identidade dos entrevistados utilizamos pseudônimos.

5 - Terapeuta e médium passista de um centro espírita do Nordeste de Amaralina que também foi entrevistada. Também aqui, para preservar a identidade da entrevistada, foi utilizado um pseudônimo.

6 - Tanto os espíritos que se comunicam nas reuniões mediúnicas ou os que obsidiam suas vítimas se ligam aos médiuns ou obsidiados através do perispírito.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAROSO, C. Rodrigues, ALMEIDA-FILHO, N., BIBEAU, N., et al. Rotulação Psquiátrica e Comunitária : Estigma ou proteção da pessoa? AM Rivista della Società Italiana di Antropologia Medica. Perugia : ARGO, 1999 (prelo).

CASTRO, Maria L.V. de. O que é Espiritismo. SP : Brasiliense, 1985. 78p. Coleção Primeiros passos.

CAVALCANTI, Maria L.V. de C. O Mundo Invisível : cosmologia, sistema ritual e noção de pessoa no Espiritismo. RJ : Zahar, 1983. 142p.

GLIK, Deborah C: (1998) Symbolic, ritual and social dynamics of spiritual healing. Soc. Sic.Med. Great Britain. Vol. 27, nº 11, p. 1197-1206. 

GREENFIELD, Sidney M: (1992). Spirits and Spiritist Therapy in Southern Brazil : A case study of na Innovative, Syncretic, Healing group. Culture, Medicine and Psychiatry, 16 (1): p. 23-52.

KARDEC, Allan. O que é o Espiritismo. 38ª ed. RJ : FEB, 1997. 224p. Biografia de Allan Kardec, p. 9-48.

McGUIRE, Meredith B: (1983). Words of power: Personal empowerment and healing. Culture, Medicine and Psychiatry, 7, p. 221-240. 

RABELO, Miriam C.M (coord). Saúde Mental : Agências Terapêuticas e Redes Sociais. Salvador, 1997. 154p. Relatório final de pesquisa apresentado ao CNpQ.